sexta-feira, 29 de abril de 2011

48

O filme é fantástico. As imagens paradas que não estão paradas das fotografias de prisioneiros da ditadura.  A história de cada fotografia, de cada pessoa, contada na actualidade pelo próprio, fotografado na sede da PIDE, torturado e preso. O som, tão detalhado e nítido. As vozes emocionadas a contar o que prefeririam esquecer. E a intervalar pormenores sem importância e descrições de tal forma brutais que me deixaram colada à cadeira da sala de cinema.
23 anos não são 23 dias, dizia uma das detidas, a jeito de conclusão. Há que manter presente que a liberdade que temos foi um dado adquirido com suor e sangue por tantos, ao longo desses 48 anos.
Saí da sala muda. Pela intensidade do que, subtilmente se passava no ecrã e por ouvir, na fila de trás, um grupo de senhoras a identificarem as pessoas fotografadas. É que esta é a história do meu país e não se passou assim há tanto tempo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

patrick watson

O senhor, que mais parece um miúdo a agarrar as calças de um lado para o outro do palco, a despentear o cabelo por debaixo da boina ou a tocar piano de perninha cruzada, é uma delícia. Fiquei rendida às vozes, aos instrumentos divertidos, àquela familiaridade que a Aula Magna proporciona. Excelente trabalho sonoro e visual, com pequenas lâmpadas a dançarem e assinalarem quem toca o quê.















Patrick Watson ao vivo na Aula Magna 2011 (foto: Manuel Lino)

domingo, 24 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

a cidade dos mortos

Gostava de ter gostado mais. Porque o local é fascinante e eu gosto tanto da sonoridade do árabe. E no entanto parece que fiquei com uma leve ideia deste enorme cemitério no Cairo onde há vida real. Mas só com uma leve ideia, sem emoções, sem realidades dramáticas, sem tempo ou pessoas suficientes para que parecesse a normalidade.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

haevnen | num mundo melhor

Péssimo cartaz para um optimo filme. Sobre o poder que temos de exercer nos outros, sob a forma de violência física ou interior, quando não estamos seguros de nós. Um filme que consegue ser frio e límpido até nas cenas de uma África tórrida.
Há qualquer coisa de fantástico na beleza e crueldade das imagens, na igualdade humana entre a civilizada Europa do norte e uma África sub-sahariana mal nutrida. Sem bons nem maus, sem desculpas que justifiquem os actos mas com uma grande complexidade na história de vida de cada um. Porque até o mais digno de entre todos deslizou pelo caminho.
Sim, estaremos num mundo melhor se não cedermos às guerras dos outros. E se não criarmos as nossas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

momentos e memórias

Quanto tempo retemos em nós um  momento?
Quanto tempo mantém o cérebro uma memória (de um gesto, um toque, um cheiro ou um rosto) com um grau razoável de semelhança ao acontecimento real?
O que leva a que uma dada memória perca a sua fidelidade?
Quanto tempo permanece vivo em nós um momento?
Fantasiar com um instante é mantê-lo vivo mas afastá-lo da sua autenticidade.
O cérebro é um sítio estranho.