sexta-feira, 29 de abril de 2011

48

O filme é fantástico. As imagens paradas que não estão paradas das fotografias de prisioneiros da ditadura.  A história de cada fotografia, de cada pessoa, contada na actualidade pelo próprio, fotografado na sede da PIDE, torturado e preso. O som, tão detalhado e nítido. As vozes emocionadas a contar o que prefeririam esquecer. E a intervalar pormenores sem importância e descrições de tal forma brutais que me deixaram colada à cadeira da sala de cinema.
23 anos não são 23 dias, dizia uma das detidas, a jeito de conclusão. Há que manter presente que a liberdade que temos foi um dado adquirido com suor e sangue por tantos, ao longo desses 48 anos.
Saí da sala muda. Pela intensidade do que, subtilmente se passava no ecrã e por ouvir, na fila de trás, um grupo de senhoras a identificarem as pessoas fotografadas. É que esta é a história do meu país e não se passou assim há tanto tempo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Leio o teu texto enquanto soa no meu ouvido uma voz da luta sul-americana dizendo que "a veces ese llanto se vuelve canto en el andar"...
E penso que é como se cada história de cada uma dessas pessoas, no seu pedaço de luta, fosse um retalho do manto da LIBERDADE. Mais do que antes, percebo a necessidade de não deixar cair no esquecimento os factos inegáveis desse período. Com o esforço, a luta e o sacrifício de tantos, NÃO FICOU ERRADICADA a possibilidade de regresso ao tempo da mordaça e ao restabelecimento de regimes totalitários. Em Portugal e no resto do mundo. Bjs. Tieta.

Unknown disse...

E por isso me irrita ouvir dizer que dantes é que se vivia bem. Como se a liberdade fosse um bem do qual podemos abdicar em prol da aparente estabilidade.
beijo