terça-feira, 31 de janeiro de 2006

as minhas amigdalas sao maiores que as tuas!

MONONUCLEOSE INFECCIOSA
"É uma síndrome clínica caracterizada por mal-estar, dor-de-cabeça, febre, dor-de-garganta, aumento de gânglios ou ínguas localizadas no pescoço ou generalizadas e inflamação do fígado (hepatite) leve e transitória.
Como a maioria das doenças causadas por vírus não há tratamento disponível nem mesmo é necessário uma vez que na maior parte das vezes ela é autolimitada."


Aquilo que começou por uma amigdalite irritante porque teimava em não passar (e a comida também já não passava na garganta tal é o tamanho abismal das minhas amigdalas salpicadas de branco), transformou-se numa mononucleose. Transformou-se não, porque sempre foi, o diagnóstico inicial é que não correu da melhor maneira.
Ao que parece a mononucleose dá cansaço, um tal cansaço que há quem pareça ter hibernado, de tanto dormir. O que eu ainda não percebi é se não me sentia cansada ou se, por estar tão habituada a lidar com o cansaço (e a ignorá-lo) ele se tornou o meu estado normal de viver e não um sintoma.
E assim me encontro, de baixa pela primeira vez na vida, sem saber o que fazer ao tempo (que quando se está doente não sabe a férias!) e meia perplexa com este meu organismo que se deixa vencer por um virus. Logo eu, que detesto virus, esses nao-seres irritantes que teimam em impor os seus próprios tempos de vida.
Como qualquer ocidental urbana com actividade a mais estou a aprender a parar, a dar tempo ao meu corpo, a ajudá-lo com as defesas, tentando não exigir a cura para ontém. E uma vez que não há tratamento possivel vindo do mundo farmaceutico, estou a torcer pelos meus anticorpos nesta lenta batalha interna!

domingo, 29 de janeiro de 2006

a ocasiao

documentário de Cláudia Alves e Rita Brás | 50'
29 Janeiro, Domingo, 16 horas, Fórum Lisboa
in








www.apordoc.ubi.pt
www.videotecalisboa.org

sábado, 28 de janeiro de 2006

metamorfoses

Esta semana tenho acordado todos os dias com olhos de peixe. Quando saio para a rua já é possivel olhar para mim e identificar uma pessoa. Quando acordo sou um misto de batráquio e lula.
Ainda não percebi qual a causa de tão estranho fenómeno que me deixa a cara deformada dia fora. Será a combinação dos 10/12 comprimidos que estou a tomar cada dia? Será que o meu corpo está realmente em transformação, a passar para outra forma de vida mais evoluída? Será o resultado visível da imensidão de fungos, bactérias e virus que batalham cá dentro nos últimos quinze dias?

domingo, 22 de janeiro de 2006

de rodas nos pes

Lisboa junto ao rio estava fresca nesta tarde eleitoral, mas luminosa. E longe das urnas, das sondagens e da confusão dos locais de voto, umas dezenas de cabeças pequeninas e encapacetadas patinavam na marginal.
Não andava de patins há vários anos e temia os desiquilibrios em espaços públicos. (nao me parecia simpática a possibilidade de aterrar em cima de alguém com metade da minha idade e do meu peso). E lá me lancei, de mão dada a uma mão bem mais pequenina que a minha mas cheia de vontade de deslizar no cimemto junto ao rio.
E entre voltas e mais voltas, conversas e traquinices, se passou uma grande tarde. Uma tarde de pequenas confissões e promessas!
E ao que parece, continuo a saber andar de patins.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

a casca da tangerina cheira a Natal

"A casca da tangerina cheira a Natal" [L. 6anos]
As castanhas assadas na rua cheiram a Inverno.
A praia cheira a cenoura e côco.
Refogado cheira a jantares de família.
O doce das pipocas cheira a gente de passagem, no metro.
Os bébés cheiram a sono tranquilo.
Vinho tinto cheira a culinária com conversas.
Oregãos cheiram a Itália e cominhos a Marrocos.
A tinta cheira a casas ainda sem vida.
Os carros novos cheiram a alcatifa.
Bicas cheiram a Lisboa.
O Miguel cheira a mimos!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Quando os peixes gritam…E deixam alguém a chorar de belo!

O espectáculo que Clara Andermatt coreografou para Faro2005, capital da cultura é, realmente, um grito surdo.
Colocar um grupo de crianças em palco e fazê-los dançar, cantar e representar não é simples. Mas pode também não ser complicado. Fazê-lo quando o que se diz é, para muitas das crianças um sem-sentido de palavras e o que se dança é uma sequência de movimentos sem nexo pode tornar-se num espectáculo ridículo ou genial. E aquela quarta à noite, no grande auditório do CCB foi mágica! Fiquei a admirar realmente o trabalho da coreografa ao ver aquela amálgama de crianças a estarem ao nível dos bailarinos e dos músicos, a conseguirem exprimir através da dança e do som um projecto que só pode ter também partido deles (de outra forma não estariam tão convictos neles próprios).
O grito do peixe é dança, mas não é só. É música, produzida e dançada em palco (por uma banda que também ela foi encenada). É música tocada e cantada pelos músicos e pelos não-músicos. São textos e palavras ditas em sequências de baile, com ritmo, repetição, gesto. E no que toca à dança…. Os movimentos são mesmos mágicos. Há uma cena só de colos e abraços que me deixou as lágrimas a escorrer pela cara. Há outra, com um homem de andas, em que o meu sorriso parecia não desmanchar do rosto. Há cenas que voltam a outras cenas de uma forma tão inesperada que me senti deslumbrada. Como alguém, que regressa ao meio de uma história para acrescentar qualquer detalhe que tinha escapado… e rápidamente se chega ao final de hora e meia de espectáculo, sem que o tempo tenha sequer um minuto a mais. E apetece deitar as costas no chão, esticar as pernas no ar e gritar pelos dedos dos pés, como os peixes!

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

o grito do peixe


Nova criação de Clara Andermatt
Co-produção: ACCCA / Faro Capital Nacional da Cultura 2005

11 de Janeiro 2006
às 21h | Grande Auditório CCB

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

o poder da raínha maga!

_Professoraaaa, posso desenhar a Raínha Maga? _pergunta-me uma aluna cheia de vontade de desenhar princesas e fadas num desenho cujo tema era os Reis Magos.
_A Raínha Maga existe?!?!?!?!_pergunta-me outra menina de seis anos qu,e mais que incrédula, queria era entrar em confronto com a primeira.
_hummmm, hummmm _(páro para ganhar tempo ao perceber que a minha resposta ia ser decisiva nquela pequena guerra de argumentos e descobertas.)
_ Eu acho que não existe mas claro que a podes desenhar!!!

E passado algum tempo, a segunda menina volta à carga, aproveitando uma conversa sobre ouro, incenso e mirra:
_Olha lá, o que é que a Raínha Maga leva?
_Leva o poder do Amor _responde-lhe a amiga sem exitações.
_Mas o poder do Amor não é o que o bebé Jesus vem trazer ao mundo_ pergunto eu divertidíddima com a conversa.
_Sim, mas alguém teve de lho dar!!!!

E pronto, fiquei a saber aquele que apregoou o Amor durante três fatais anos da sua vida (e com isso mudou a história), recebeu-o de uma espécie de feiticeira com poderes especiais e asas (segundo o desenho da minha aluna).

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

2005 | o ano dos grandes passos

Agora que paro, no início deste recém-chegado ano e olho para trás, sorrio ao rever o ano que, para mim, foi de grandes passos!
2005 foi tempo de perder medos e confiar. Em mim, no que sou e consigo fazer; nos outros e em todo o seu potêncial. (Saíram para a rua os meus primeiros trabalhos sérios enquanto designer e provei que tenho intuição para dar aulas!)
Foi o ano de me lançar. De cruzar desertos e oceanos por minha conta e risco. De descobrir outro mundo: novas culturas, outras formas de pensar e reagir. De ir pelo prazer de partir para o desconhecido. De registar as marcas que os outros deixaram em mim. (Corri mundo da Rússia à Argentina; da neve ao deserto!)
Foi o ano de reafirmar as minhas crenças: politicas, religiosas, humanas… de tomar opções de vida sérias como consequência do que acredito e de perceber que nem sempre é linear a fidelidade aos ideais que defendo com unhas e dentes. (E tive de engolir a vergonha de me ver a fazer o que critico aos outros e orgulhei-me ao perceber-me capaz de uma vida tão imaterial).
2005 foi tempo de aprender a pedir. De me tornar mais humilde, de me descascar aos poucos da minha auto-suficiência.
Foi o ano que, simbolicamente, marca a minha independência. (Casa nova, vida nova: a face visível de nos tornarmos adultos e responsáveis pelo nosso dia a dia!)
E quando a poeira de tão intenso ano parecia estar a assentar, alguém decidiu aparecer e contrariar os meus planos, as minhas convicções e revirar a minha vida trazendo-lhe novos sonhos, novas certezas e uma outra forma de olhar o futuro.
2006 será o ano das adaptações!!!

ressuscitei!!!

É verdade, quase dois meses sem escrever: sem organizar os pensamentos para outros, sem questionar o que sinto ou criticar o que vejo publicamente.
Foi mês e meio de hibernação para o mundo e de dedicação quase exclusiva ao trabalho. Foram quinze dias de natal e descanso.
Arranco neste novo ano com novas forças!