segunda-feira, 26 de março de 2007

aprendiz de dançarina

A minha estreia em dança (que na verdade não foi uma estreia porque já tinha subido àquele mesmo palco para fazer o primeiro minuto de uma coregrafia de grupo) aconteceu assim, sem nada de fantástico ou inesperado. Afinal até consigo dançar...sou mais rígida do que gostaria (defeitos de um corpo treinado no rigor da ginástica) e faz-me falta um par (hábito de equilibrio e força partilhados com outro corpo).Mas não me perco das outras nem da música, o que já é um bom começo.
E segundos antes da música começar, no escuro do pré-palco, descobri que a dança não me deixa naquele estado de adrenalina que as exibições de ginastica deixavam. Talvez porque o risco é inexistente ou porque tudo depende de mim. Falta o desafio dos pinos, dos mortais, das quedas livres sustentadas pela força exacta que o outro tem de fazer. Falta, no final, o olhar cúmplice de quem está esgotado pelo esforço de desafiar a gravidade como meu próprio corpo. E falta-me a segurança de saber o que estou a fazer, porque de repente voltei a ser aprendiz. Aprendiz de dançarina.

quarta-feira, 21 de março de 2007

uma bica, por favor!


O café não é nespresso mas... o cartaz é fantástico!

terça-feira, 13 de março de 2007

as tardes de terça

As tardes de terça nunca rendem.... há trabalhos para corrigir, notas para dar, enunciados para escrever e acabo por ficar sempre presa à loiça que está lavada dentro da maquina e implora por regressar ao seu lugar, à loiça fora da máquina que precisa de entrar para o duche, à pilha de calças e camisolas e trapos afins amontoados no quarto, ao cesto de roupa suja que transborda e que depois de lavada tem de ser estendida, recolhida, passada,...
E não fosse o escritório cá de casa ter esta luz de Lisboa à tarde a entrar pela janela grande, já tinha cedido à tentação de ficar a trabalhar noutro lado qualquer. É que as tardes de terça nunca rendem!

(confesso que estender roupa acabada de lavar é das poucas tarefas que me dá prazer fazer. Porque o cheiro fresco a lavado invade a casa)

sexta-feira, 9 de março de 2007

viva o pai dos outros

Das oito e meia às quatro e meia a inalar cola de contacto e pó de alcatifa. Esta é a realidade de quem tem pela frente cento e cinquenta prendas do dia do pai para acabar: cortar, colar, fazer pressão, colar novamente, montar, colocar fecho, embrulhar, pôr cartão... Esta é a minha vida, cheia de dores de cabeça e enjoos dos productos tóxicos e dos cheiros estranhos.

terça-feira, 6 de março de 2007



_Sabem qual a diferença entre borboleta e gente?
_A pessoa tem alma, borboleta é alma.
_O pirilampo morre?
_Não. Que ele é como o Sol: apenas se põe."


Foi a partir deste pequeno excerto de um texto de Mia Couto intitulado Borboletas, Pirilampos que nasceram os meus pirilampos: uma série de alfinetes feitos de bolas e olhos de muitas cores, que deixaram o escritório cá de casa numa confusão momentaneamente colorida. No final de uma tarde de criação tinha 14 seres de feltro prontos para pernoitarem no estirador. Na manhã seguinte foram levados para a loja da Joana. Sim, sou uma mãe ingrata que põe os filhos à venda!!! Com a esperança de que alguém os adopte e trate bem deles.
Entretanto vou fazendo outros, que já tinha saudades de criar.

quinta-feira, 1 de março de 2007

ser ou não ser... professora em portugal

Depois de uma passagem pela Direcção Regional de Educação de Lisboa e de algumas horas na Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação consegui perceber que afinal não sou professora (dou aulas há seis anos, há três que o faço a tempo inteiro.)
Tenho habilitações próprias (licenciatura da faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa) mas não sou profissionalizada. Não tenho acesso à carreira docente, não posso concorrer ao ensino oficial. Não me posso profissionalizar porque não há onde nem quando logo o mais certo é, a médio prazo não poder dar aulas. Que é o que sei fazer, o que gosto de fazer e o que faço bem!
Ficam para ensinar Arte aos alunos portugueses todos aqueles que tiraram cursos de professore-de-qualquer-coisa-artística e que, do que ensinam, sabem bem menos que os pintores, escultores, designers, arquitectos.
Será que daqui a dez anos ainda vou a tempo de ser trapezista?