sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Um doce feito de obstáculos

O pateo da casa onde estou tem um limoeiro carregado de limões.
No outro dia pensei em fazer doce de limão, aquela sobremesa que é tão simples que se faz em qualquer quarto de hora.
Saí para comprar iogurte natural e leite condensado. Ingredientes fáceis. Na primeira mercearia onde entrei, depois de ultrapassada a barreira comunicacional (porque iogurte soa a qualquer coisa como xjogur) fui gozada por pedir um iogurte sem sabor. Ao que parece, na argentina não existem iogurtes naturais. Como também não tinham leite condensado fui a um supermercado maior. Só que leite condensado tb é coisa que não existe muito por aqui. E as bolachas marias cá são bolachas de mel!
Há que ser criativa, até na culinaria...

Receita de doce de limão à argentina
1 pacote de dulce de leche
3 xjogur’s de baunilha
sumo de 1/2 limão
algumas bolachas de mel raladas

Misture bem o dulce de leche com os xjogur’s e o sumo de limão. Leve à geladeira (porque frigorificos são as grande arcas frigorificas dos matadouros!). Sirva em tacinhas coberto por bolachas de mel raladas!
Bom proveito!

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

contrastes

Ontem, depois de atravessar um mar de lama para chegar a casa de uma vizinha, consegui ver a CNN. A única forma de saber algo sobre o mundo, na Argentina, é através de tv cabo. Os canais nacionais, além de sensacionalistas são bastante tendênciosos (conseguem tornar a Tvi num canal sério!)
E apercebi-me que Portugal estava a arder. É estranho, aqui onde a humidade hoje chega aos 98% e chove a potes, imaginar a minha terra num inferno. E é uma sensação de grande impotência perceber que não há muito a fazer. Pelo menos daqui.
Estar neste pais de contrastes tem-me tornado mais sensivel às diferenças.
Porque se sofre com excesso de água na América do sul e com falta dela no oeste Europeu?
Porque é que, na região de Buenos Aires, num raio de 5km, se passa de apartamentos de luxo a barracas de lata?
Sim, eu sei, o que é que o tempo tem que ver com a pobreza? Os incêndios com a fome? Não se podem misturar causas naturais com sociais, consequências ambientais com urbanisticas.
Mas a verdade é que os contrastes aqui são tão dramaticos que é impossivel não pensar no que andamos a fazer no mundo. E pelo nosso mundo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

o outro lado do mundo

Se Buenos Aires é uma cidade europeia (no urbanismo, nos edificios, nas pessoas), os arredores da capital são 100% américa latina.
No bairro onde estou a viver há ruas de terra batida (que se transformam em montes de lama com a chuva que sempre ameaça caír. Há grades em todas as portas, portões e quintais e cada porta é sempre fechada à chave com duas voltas.
As casas são cinzentas e rasteiras, como o chão, a água que corre pelas ruas e o céu. Não há praticamente passeios e os que existem são restos de cimento. Cinzento. Os caixotes de lixo estão no ar para que os cães não lhes cheguem.
No bairro onde vivo as ruas cheiram a água parada e os cães ladram sem dono. Os carros são feitos de retalhos de socata e andam aos solavancos por estradas esburacadas, sem luzes.
As lojas são pequenas divisões que vendem de tudo. Sempre com uma grade que nos separa do vendedor.
Nesta argentina sem plata, as cores são diferentes das da cidade.Teimam em contrariar a manontonia do cinzento. Berram, nos toldos das lojas, nos placares gastos de anúncios, nos legumes cuidadosamente expostos nas ruas.
Nesta argentina latina as pessoas cumprimentam-se na rua e param para se falar. Partilham as desgraças e os sorrisos e seguem caminho mais leves, menos cinzentas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

quarta-feira, 3 de agosto de 2005