segunda-feira, 24 de março de 2014

o meu casaco-polar verde

Fez já três anos que cheguei um dia à escola e comentei que tinha frio. sempre.

Estávamos no inverno e a minha vida gelara nos últimos meses: a minha cama era demasiado solitária para adormecer, a minha casa demasiado grande para o meu eu perdido e o meu corpo estava morto, sem reacção.

No dia seguinte a A. ofereceu-me um casaco-polar verde. Para eu dormir mais quentinha, disse ela, mais aconchegada.
Nunca dormi com ele vestido. O meu frio era bem mais interno mas a partir desse dia, o meu casaco-polar tornou-se um símbolo de conforto. do conforto que nos vem de sabermos que alguém está connosco, está por nós mesmo quando a luta é só nossa. 
De há três anos para cá que viajo e treino sempre com o casaco-polar verde. (felizmente é de boa qualidade ou estaria desfeio de tanta lavagem!) O frio foi desaparecendo e ele tornou-se, para além de conforto, uma marca palpável da minha luta, da minha caminhada.

E hoje, em que ironicamente tenho novamente o inverno em mim, sinto que posso devolver o casaco-polar verde. Porque ele simboliza aconchego mas sobretudo prova que a sobrevivência é possível depois de grandes lutas. E que a vida vai aquecendo...

Obrigada, A.

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