quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

corpo, qualquer coisa e processos criativos

Parti do que tinha dito ao mundo, religiosamente, todas as quintas no inicio da aula. Fiz memória do que estava escrito nos papelinhos semanais e concluí que podia resumir as minhas inquietações numa palavra

geografias

É um plural, logo é uma mais-que-uma-coisa palavra.

Geografia exterior | geografia interior
A forma como os espaços e lugares que frequento, onde me movo (locais, cheiros, barulhos) influenciam o meu ser (o que sinto, como me sinto, as memórias que trazem a mim ou me fazem construir). Chego sempre à conclusão que o espaço, os lugares influem imenso em mim. E descubro que aproprio determinados espaços externos, tornando-os quase extensões da minha personalidade. Crio caminhos, rotinas geográficas.

Reduzi os espaços a quatro (locais ou caminhos) e identifiquei as sensações, sentimentos que provocam em mim.
Passei este processo mental (e rabiscado no meu caderno) para o corpo em passos, direcções, tensões musculares. Construí uma frase de movimento que, depois de repetida já pouco tinha que ver com os lugares que inicialmente evocava.
E assim nasce qualquer coisa performativa e possivelmente interessante.
De algo tão pessoal que é intimo sem que a exposição esteja presente no resultado final. Porque desarrumamos as gavetas interiores para sintetisar o que lá vai dentro em algo palpável aos olhos dos outros.
De algo tão inesperado que o resultado nunca seria previsível no inicio do processo.
Deve ser por isso que lhe chamamos "processos criativos".
E trabalhar com o corpo é fascinante!

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