quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

e daqui a dez anos?

Dez anos mais.
Alguém a acordar ao lado de um marido que, reparando bem, já nem acha muito atraente, Alguém a levantar-se apressada porque antes de levantar as crianças, há que fazer almoços (ou requentar jantares passados), engavetá-los em termos, tomar banho e recolocar o sorriso na cara. Há crianças para vestir, levar à escola, mimar. Há um dia de trabalho pela frente: oito horas de stress e cansaço, em frente a um computador ou numa sala de aula. Há um dia de trabalho depois do trabalho a começar, com banhos para dar, trabalhos de casa para fazer, jantar por cozinhar, …
Alguém a adormecer ao lado de um homem com quem, pensando bem, já nem tem assim tanto em comum.
E o que aconteceu em dez anos?
Porque ela desejara passar todos os dias da sua vida ao lado daquele namorado por quem se apaixonara. Porque ela desejava ser mãe acima de qualquer outra coisa. E manter a independência de um trabalho que a realizasse. E passou dez anos a lutar pelo que desejou.

É assustador pensar que podemos alcançar tudo aquilo que desejamos e, ainda assim, não sermos felizes. Numa época em que nos ensinam que a felicidade está na realização dos desejos (sejam eles da ordem do ter ou do ser) é possivel lutar e atingir tudo o que se deseja e viver na mediocridade. E lutar pelo que se deseja é algo muito positivo. E receber como prémio da luta, uma vida mediocre é, no mínimo, frustrante.
A única fuga possivel é lutar por algo maior que um desejo
A única fuga possivel é utopica, ética, do interior
A única fuga possivel é sonhar

E porque sonhar não é uma fuga mas uma necessidade, sonhar não é fechar os olhos a uma ilusão mas traduzir grandes feitos em pequenas coisas dos dia a dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

a ideia de acordar ao lado de um marido horroriza-me, confesso

mas um casal pode bem ter muito mais a ver um com o outro dez anos depois de começarem a acordar juntos

o pior é a partir dos onze anos, eh eh

e consta que a coisa passa para lá dos trinta, lol

agora a sério: essa coisa das oito horas de trabalho diário daqui a dez anos é um objectivo mais utópico que os de Sócrates mas se for preciso recolher assinaturas, tou nessa !!!

só por curiosidade, em que país é isso ?

e a nota final de alento: sonhar ? ah! sonhar ... já é ser um bocadinho feliz !