sexta-feira, 9 de julho de 2004

(não sei como chamar a este post)

No outro dia, sentada à janela do metro, fui inundada pelo sol-de-fim-de-tarde que me invadiu a retina ao chegar ao Campo Grande. Durante um instante só vi laranja e quente. Luz. E pestanejei.

Pergunto-me inúmeras vezes onde estará o extase da vida. E aos poucos vou chegando à conclusão que não está nos momentos de grande euforia ou limite (embora tb possa estar aí). As alturas em que me senti mais perto do que costumamos chamar felicidade foram os momentos que tive de maior paz interior. De real tranquilidade. De harmonia. De tréguas entre as muitas forças e energias que me compõem. De me saber e sentir una e única.
Há alturas em que a temperatura está no ponto exacto, tão exacto que não saberiamos dizer se temos frio ou faz calor.
Há momentos as coisas parecem fazer sentido exactamente onde estão e como estão.
Há breves fracções de tempo em que tudo está no sítio certo. Nós. O mundo. Os outros em nós e no mundo.
Há tempos em que a nossa vida é realmente feliz.
E há centésimos de segundos em que tenho a impressão de que o mundo parou de girar. Que tudo está sereno e brilhante. Que os problemas são parte integrante de uma vida com sentido, que as dificuldades são desafios, …
Nessas alturas, a contemplação é a mais agradecida forma de estar no planeta terra. Nesses segundos sei que sou capaz de olhar de outra forma qualquer pessoa, sei que sou capaz de perdoar qualquer coisa (porque não há nada que tenha realmente peso), sei a importancia que os outros têm na minha vida, sei.
E depois,
como que por magia,
tudo recomeça a mexar e a vida segue o seu trajecto próprio pelas rotinas do quotidianos.

Ps | às vezes pergunto-me se nesses instantes estarei realmente na terra. (estranho) resta-me a certeza que é nessas alturas que mais pertenço ao mundo.

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