sexta-feira, 23 de julho de 2004

Montemor aqui vou eu!

Chegar a Montemor e ver aquela casa de novo com vida
Olhar para os miúdos do clube e percebê-los tranquilos, em paz
Tomar o pequeno almoço naquele refeitório de paredes caiadas e frescas
Vê-los jogar à bola no relvado do pátio de entrada
Fazer a estrada rumo a Alcácer ao som de qualquer coisa mais-que-comercial-e-em-castelhano, muitos apertados no carro, a dançar aos berros com os braços de fora das janelas
Percorrer os 10km em passo de jogo, meios derretidos pelo sol alentejano e desidratados pela incerteza de água própria para consumo
Arrastar os pés empoeirados pelo caminho que conduzia à vila, uns por si, outros às cavalitas ou de mãos dadas
A alegria de uma fonte, no centro de S Cristóvão
Piscina em Montemor (com muitos saltos da prancha, iniciações à natação e confidências de meninas de papo para o ar...)
Um jantar com sopa alentejana
Um arraial para acabar um grande dia
Uma noite muito escura com milhares de estrelas.

Consegui tirar um dia para ir ter com os miúdos do clube a Montemor. Nunca os tinha visto assim. Transbordavam aquela felicidade que nos torna preocupados com o outro que está mesmo aqui ao lado. Caminharam largos kilometros pelo Alentejo numa tarde tórrida de sol, sem água suficiente. E sem queixumes. Aprenderam a nadar, a saltar cada vez mais alto. E a acreditar que são capazes. Lavaram a loiça e o chão (deixando o respeito ser superior à sua própria cultura). Prepararam uma festa em poucas horas. Souberam ouvir a opinião dos outros. Souberam pedir desculpa. Desafiaram as regras com que estão habituados a viver e provaram que, tal como qualquer outra pessoa, conseguem fazer tudo aquilo a que se propõem.
E confirmei o que estou sempre a dizer na brincadeira. Estes miúdos cativam, mudam-nos de fundo, fazem-nos quebrar barreiras e preconceitos. E quando menos esperamos, damos por nós com saudades...

de os animar. de sermos animados por eles.

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