A minha estreia em dança (que na verdade não foi uma estreia porque já tinha subido àquele mesmo palco para fazer o primeiro minuto de uma coregrafia de grupo) aconteceu assim, sem nada de fantástico ou inesperado. Afinal até consigo dançar...sou mais rígida do que gostaria (defeitos de um corpo treinado no rigor da ginástica) e faz-me falta um par (hábito de equilibrio e força partilhados com outro corpo).Mas não me perco das outras nem da música, o que já é um bom começo.
E segundos antes da música começar, no escuro do pré-palco, descobri que a dança não me deixa naquele estado de adrenalina que as exibições de ginastica deixavam. Talvez porque o risco é inexistente ou porque tudo depende de mim. Falta o desafio dos pinos, dos mortais, das quedas livres sustentadas pela força exacta que o outro tem de fazer. Falta, no final, o olhar cúmplice de quem está esgotado pelo esforço de desafiar a gravidade como meu próprio corpo. E falta-me a segurança de saber o que estou a fazer, porque de repente voltei a ser aprendiz. Aprendiz de dançarina.
6 comentários:
a rigidez perde-se com a entrega total à música e o esquecimento de que estamos a ser observados... (digo eu, que não percebo nada disso).
Para primeiro assalto estiveste muito bem... e mesmo sem esse desconto estiveste à frente de mais de metade de todos os que ali apareceram... o que em alguns casos não é demasiado elogioso...
na dança perco-me (perdia-me). não do ritmo ou dos outros, mas de mim. é engraçado como falas da falta adrenalina. comigo era exactamente ao contrário... ponham-me um maillot (eu era da clássica) e toquem piano que o meu coração explode. e quando já se está numa fase avançada, as dores e a exaustão, o suor... confere! ;)
são experiências engraçadas, estas trocas.
e, mais importante que tudo: a aprendiz, está a gostar?
a aprendiz acha que está a gostar....mas ainda lhe falta aprender tudo!
que saudades tenho eu de dançar ctg... ;)
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