Onze da manhã. Domingo de sol. Por me ter esqueciso de programar a máquina de lavar, levanto-me e carrego no botão que dá origem a um sem número de barulhos dentro do tambor. Resistentes, 40º, roupa preta às voltas entre água, anti-calcário (que aqui é mais abundante que a própria água), detergente e amaciador. De regresso ao quarto sou chamada pela luz intensa que entra pela janela de portadas escancaradas e sento-me na minha cadeira-de-pensar-com-vista-para-as-águas-furtadas-dos-prédios-do-outro-lado-da-rua. O dia está limpo, de céu azul e ouve-se o electrico lá em baixo a passar. A internet é uma realidade desde ontem e esta meia hora matinal em frente a Lisboa abre-me uma posibilidade há muito perdida…..voltar a escrevinhar!
As grandes mudanças na vida, às vezes acontecem sem que na altura se tenha a noção da dimensão do que se muda. Num fim de semana embrulho a tralha toda e empacoto a vida para a voltar a arumar do outro lado da cidade, na casa nova que tem o peso dos duzentos anos de idade.
Mudei de casa, de forma e estado de vida!
Três semanas passadas, entre o ocupado dia a dia que já tinha, lides caseiras e preparações de casamento, o tempo parece que não existe. E o que não voa é reclamado para o descanso que a independencia sente-se no corpo.
Três semanas passadas o balanço não podia ser mais positivo. Já não me imagino noutra forma de vida, sem acordar acompanhada neste quarto andar sem elevador, sem atravessar de manhã as ruas da baixa para chegar ao metro, sem o som dos sinos das igrejas, sem os jantares cozinhados a dois, sem os fins de semana todos por nossa conta.
Falta regressar muito ao cinema, ao teatro, ao bairro, aos amigos, às jantaradas e às exposições… É que as mudanças enormes implicam tempo para reajustes nos tempos.
Onze e meia da manhã. Uma badalada lá fora. Domingo de sol. Regresso à cama para os últimos minutos de ronha antes do despertador tocar…
5 comentários:
Entra sorrateira e vem acordar-me...Três semanas do adormecer mais doce que conheci,e de tal forma que já acordo quando não te sinto a meu lado. APANHADA! Saiste para escrever este post, senti a tua falta...
SALVÉ!!! Que alegria ter-te de volta às letras, que satisfação ler-te de novo, que emoção... (ups! escapa-se a lagrimita). Como eu tinha saudades!!!! E como, perdendo-te para a tua nova vida, te vou ganhando no reflexo de tantos sonhos que vejo concretizares. O medrar da felicidade de assistir a tudo isso, mesmo à distância, é amargo e doce, e carregado de uma beleza que aqui não posso ou não sei explicar. Há um encanto especial em ver, na mulher que te tornaste, a menina curiosa e arisca, e a adolescente inquieta e de olhos abertos ao mundo, que, com uma serena cumplicidade de gostos e interesses, tão maravilhosos, subtis e inesquecíveis momentos dá à minha existência.
Não deixes nunca de te sentar numa qualquer cadeira-de-pensar-(só-ou-acompanhada)-com-vista-para-onde-possas-sempre-nutrir-o-Amor-pelas-coisas-belas-e-delas-retirares-toda-a-energia-essencial-ao-teu-ser-mais-profundo.
Muitos e bons momentos de ronha e um enormíssimo abraço. Tieta.
Por mais "ausente" que estejas, presente estás, fazes falta nas jantaradas e no bairro como é óbvio, mas a tua felicidade é mais importante que tudo isso! Agora é um ritmo novo, uma fase de adaptação a tudo, e cá te esperamos todos de braços e corações abertos... PARABÉNS, pelo casamento, estou verdadeiramente feliz por ti, ainda que com saudades de te ver! é verdade!
não era suposto por o blog... ups!!!
que bom, que doçura de acordar! como reconheço aí tanto do meu sorriso de sábado de manhã.
foi bom [re]conhecer-te :)
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