quinta-feira, 23 de junho de 2005

Norte (o meu)

Apeteceu-me voltar ao Jorge Palma, às letras, lê-las com atenção e ficar a remoê-las cá dentro.
Este verão decidi ir procurar o Norte bem pra sul. Voltar costas ao calor, à vida social e ao comodismo. Agarrar o meu velho sonho de "ir", sem um motivo lógico, num acto quase imaterial. Partir.
Parto em busca de mim na outra parte do mundo.
Parto em busca de um sentido para a vida, com a certeza de que a minha vida faz sentido aqui.
E em 48h, vou cruzar os céus, de São Petersburgo a Buenos Aires!

Volto as costas ao vazio
procuro o vento frio
o caruncho pode desfrutar
do meu velho sofá
deixo as manchas de café
o candeeiro de pé
vou em busca do meu Norte

Levo imagens que sonhei
tesouros que roubei
a famosa gabardine azul
tem mais alguns rasgões
levo as horas que perdi
o espelho a quem menti
sigo em direcção ao Norte

Quantos pontos cardeais
ficarão no cais da solidão?
Quantos barcos irão naufragar,
quantos irão encalhar na pequenez
da tripulação?

Deixo os dias sempre iguais
os mundos virtuais
deixo a civilização que herdei
colher o que plantou
abandono o carrossel
a Torre de Babel
deitei fora o passaporte

Confio às constelações
as minhas convicções
quebro o gelo que se atravessar
no rumo que eu escolhi
o astrolábio que há em mim
vai respirar enfim
hei-de alcançar o meu Norte
[Norte(o meu), Jorge Palma]

2 comentários:

Anónimo disse...

Ana,
parece que adivinhavas que ias encontrar o Jorge Palma no seu melhor!... A compor no meio da rua!

Adorei o jantar de ontem...
Obrigada por tudo e pelo nada que às vezes é tanto.
Gosto muito de ti!
Beijinhos
AUITA

Anónimo disse...

Ana,
parece que adivinhavas que ias encontrar o Jorge Palma no seu melhor!... A compor no meio da rua!

Adorei o jantar de ontem...
Obrigada por tudo e pelo nada que às vezes é tanto.
Gosto muito de ti!
Beijinhos
AUITA