domingo, 27 de março de 2005

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O deserto é, até para explicá-lo, a ausência. Neste caso seria a ausência de palavras porque perante tal dimensão da natureza, o que nos surge é da ordem da sensação, do sentimento e não da razão. O deserto é o sublime, é o extremo, é um vazio repleto de coisas. Ali não há nada senão céu e terra. E ambos são imensos. O céu é azul até perder de vista. E a terra é volátil, de areia laranja e sempre igual. Ali o homem vive porque sabe que nunca controlará nem o céu nem a terra. E aprendeu a conhecer-lhe os ritmos, os rastos, os sinais. (GPS berbere, diria o Hassam).
Viver no deserto é aprender a viver um dia de cada vez. Porque perante uma tempestade de areia nada é estável ou previsível. Viver no e do presente. Porque o futuro a Alá pertence. E é tão difícil para alguém demasiado urbano como eu assimilar esta forma de estar. Porque o estar adquire uma importância enorme.

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