segunda-feira, 15 de novembro de 2004

"encontro-te a olhar para lá..."

Querida Cláudia,
É verdade que estou a olhar para lá, demasiado para lá do horizonte, a dois mil, seiscentos e tal metros de altura. E não estou de costas, mas de frente para o mundo. Braços semi-abertos para sentir a brisa na pele. Não sei como é quem está ao meu lado mas fascina-me. Porque trepou uma montanha agarrado por uma corda. Porque o vi aparecer do meio das árvores, vencedor e agora olha o mesmo mundo que eu, lá em baixo. Um desconhecido (a minha eterna atracção por desconhecidos). Tenho o pé direito ligeiramente para trás, em equilíbrio na vida. Trago a tiracolo a minha máquina fotográfica (sempre a paixão do registo) e às costas o peso de já não sei quê! E as nuvens difusas lá estão, entre o céu e a terra, tornando o horizonte pouco nítido, fazendo-me crer que o futuro é isso mesmo, uma linha incerta entre o espaço que fui e o que aspiro ser. Separa-me do vazio uma grade metálica e mesmo sabendo que às vezes sei voar, não vou saltar. Descerei a pé pelos caminhos de terra.

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